06/05/2013

Rua Gavião Peixoto 177

Era um portão de ferro
Que se abria para um longo corredor
Que se espremia, entre a casa da senhoria
E um canteiro de Avencas
Depois, de um lado, uma cerca de zinco
Do outro, o muro da Dona Laís
No final, minha casa
No fundo, um quintal
Campo de batalha, de ferozes guerras de mamona
E também, nosso campo de futebol
No fundo do quintal, tinha um muro
Depois do muro, uma mulatinha
De peitinhos pequenos, e bundinha macia
Depois de muitos anos morando lá
Nos mudamos...Mudamos...Mudamos...
Foram muitos os endereços
Mas não sei por que, não lembro de nenhum
Hoje não há mais o portão de ferro
Nem as avencas, a cerca de zinco
Não mais a casa e o quintal
Nem a menina depois do muro
Não tem mais nem o endereço
Rua Gavião Peixoto 177
Justamente o único que não esqueço


Ricco Paes
2013